جزییات کتاب
“Este livro promove um deslocamento dos exercícios mais imediatos de contraposição às formas colonialistas de pensamento por meio de um percurso por intensidades que dispensam a captura identitária, o ressentimento e os ajustes de contas teóricos. Trata-se de pensar o que pode ser a antropologia quando o que está em jogo são as relações entre diferentes povos que se demarcam há cinco séculos das formas coloniais de imposição de regimes genocidas de pensamento. As narrativas dominantes que sustentam um implausível sentido de nação não são aqui desconstruídas, criticadas nem substituídas, mas magistralmente deslocadas. Os mestres desses deslocamentos — quilombolas, encantados, cabralistas... — são também os senhores dos modelos pelos quais devem ser interpretados. Nós nos habituamos a pensar que as narrativas dominantes sobre o encontro das três raças e seus graus de mestiçagem como uma ideologia que a todos submergiria, menos aos suficientemente críticos, os acadêmicos. A revelação deste livro é que ali onde poderíamos crer que se encontram as pessoas menos instrumentalizadas para desmontar esse mito encontramos as formas mais sofisticadas de pensar e trabalhar com as diferenças. O que experimenta é a possibilidade de que numa multiplicidade de situações de encontros das forças heterogêneas dos não herdeiros da modernidade ocidental estejam vigorando outros regimes de visibilidades e outras narrativas sobre encontros e misturas, diferenças, passagens e separações. Sob tessituras inusitadas, uma minoria em proliferação esmagadora, um tanto ou quanto alheia às cansativas operações críticas das diversas pedagogias da nação, instaura conexões, cria modos singulares de existência e fabrica passagens sob regimes especiais de interdições (que vários autores neste livro chamam de contramestiçagem e contrassincretismo). O que o livro oferece é um quadro em aberto sobre como os encontros entre forças de descendentes de africanos e intensidades indígenas geram gramáticas das diferenças largamente independentes dos brancos e suas vãs filosofias.”
José Carlos Gomes dos Anjos