جزییات کتاب
"Um dos traços mais notáveis de nossa cultura é que se fale tanta merda. Todos sabem disso. Cada um de nós contribui com sua parte. Mas tendemos a não perceber essa situação. A maioria das pessoas confia muito em sua capacidade de reconhecer quando se está falando merda e de evitar se envolver. Assim, o fenômeno nunca despertou preocupações especiais nem induziu uma investigação sistemática. Por causa disso, não temos uma idéia clara do que é falar merda, da razão para que se fale tanta ou para que serve."Produzido a partir de uma palestra proferida pelo autor na Universidade de Princeton, este ensaio já era objeto de culto acadêmico antes da publicação. Uma vez editado, passou de cult a pop, elogiado por leitores em todo o mundo. O texto leve e irônico compõe uma espécie de tratado que redimensiona o lugar do discurso numa época atropelada pelo excesso de informação.Harry G. Frankfurt esteve sempre atento à importância da verdade e às suas deformações generalizadas na sociedade, até concluir que falar bobagem era a mais grave. Embora seja um sintoma do mundo contemporâneo, ou provavelmente por causa disso, o filósofo decidiu questionar a natureza dessa prática, a seu ver, deselegante, descuidada e comodista.O autor cita Ludwig Wittgenstein e um diálogo entre ele e uma amiga. O filósofo vai visitá-la no hospital após uma cirurgia nas amídalas, e ela resmunga: "Sinto-me como um cachorro atropelado." Ele se irrita e refuta: "Você não sabe como um cachorro atropelado se sente." A reação pode soar intolerante, mas é um efeito prático do pensamento de Wittgenstein sobre a linguagem, tomado como exemplo por Frankfurt para demonstrar a falta de preocupação com a verdade que há no discurso da amiga. Ela fala sem pensar, sem exatidão. E é essa indiferença em relação ao modo como as coisas realmente são que o autor considera a essência do falar merda.O livro também contém referências a Santo Agostinho e a um ensaio de sua autoria sobre a mentira. Frankfurt quer mostrar como falar besteira é um inimigo muito pior da verdade do que mentir. Crítico, ele tenta apontar o risco embutido em ato tão rotineiro, sobretudo na vida pública, quando se exigem das pessoas observações inteligentes sobre questões muitas vezes desconhecidas.