جزییات کتاب
Ao longo de meio século, o renomado antropólogo e professor norte-americano Sidney W. Mintz vem produzindo um invejável conjunto de estudos de ponta acerca da organização da produção e da mão-de-obra nas plantações das ilhas caribenhas. É de estranhar o fato de suas pesquisas serem pouco divulgadas num país como o Brasil onde a grande propriedade açucareira tem exercido um papel fundamental na sua formação. Esta coletânea, "O poder amargo do açúcar. Produtores escravizados, consumidores proletarizados", cuidadosamente preparada pela professora Christine Rufino Dabat, vem preencher esta lacuna.O primeiro artigo da coletânea, “Produção Tropical e Consumo de Massa: um Comentário Histórico”, lança uma luz valiosa sobre o relacionamento entre a história da Europa e a formação das sociedades açucareiras do Novo Mundo através da análise sobre a interação da crescente demanda de açúcar pela classe trabalhadora européia e a organização da produção açucareira nas Américas. Em seguida, Professor Mintz tece várias considerações acerca do processo de globalização e a formação das sociedades açucareiras nas Antilhas no artigo “Aturando Substâncias Duradouras, Testando Teorias Desafiadoras: a Região do Caribe como Oikumenê”. Para ele, a experiência destas sociedades demonstra que a globalização não é um fenômeno recente, pois iniciou-se no final do século XVI. Num terceiro artigo, “O Poder do Doce e a Doçura do Poder”, o autor salienta a importância do relacionamento entre História e Antropologia no estudo das sociedades que cresceram em torno da economia açucareira. Ao longo da história das ilhas caribenhas, múltiplas formas de exploração da mão-de-obra coexistiram e se sucederam, tema este que é explorado por Mintz no “Era o Escravo de Plantação um Proletário?”, o quarto artigo dessa valiosa coletânea. “O Poder Amargo do Açúcar” termina com o estudo clássico de Eric R. Wolf e Sidney W. Mintz, “Fazendas e Plantações na Meso-América e nas Antilhas”. Originalmente publicado em 1957, este trabalho analisa as características, tanto de origem endógena como exógena, que distinguem fazendas e plantações na América Latina.Os estudos incluídos nesta coletânea constituem um convite para uma reflexão por parte do leitor, sobre a diferença e semelhanças entre o mundo das plantações de açúcar no Caribe e no Brasil.Professor Marc Jay Hoffnagel (Departamento de História/UFPE)